quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Reacende a polêmica de 'fertilização' de oceano


Denunciado na semana passada pela imprensa inglesa, um projeto de "fertilização" do oceano com sulfato de ferro na costa do Canadá, financiado por um milionário dos Estados Unidos, reacendeu a polêmica sobre o uso da chamada geoengenharia para reduzir efeitos do aquecimento global. A maior ação do gênero posta em prática no mundo, alertam especialistas, abre o perigoso precedente para outras experiências invasivas na natureza.


O projeto, implementado em julho no arquipélago de Haida Gwaii, no Pacífico, tem a intenção de aumentar a flora local de plânctons, que absorvem o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Sem a avaliação dos riscos ao ecossistema, no entanto, a experiência foi criticada pela comunidade acadêmica.

Segundo o físico Paulo Artaxo, membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a iniciativa é a que foi mais longe em uma tendência mundial de tentar combater as mudanças climáticas com novas tecnologias de engenharia.
O país com maior número de projetos, segundo o físico, é a Grã-Bretanha, seguida pelos EUA. Outras propostas cogitadas em congressos internacionais e feiras incluem a emissão de aerossóis na estratosfera e o posicionamento de espelhos gigantes na órbita terrestre - ações que, em tese, conteriam radiação solar para mitigar o aumento da temperatura na Terra.

"Nenhuma das tecnologias apresentadas até hoje conseguiu lidar com os efeitos colaterais negativos. O projeto no Canadá foi o primeiro individual e sem autorização internacional. Esses experimentos não podem nem devem ser executados, pois são uma distorção científica", diz Artaxo. "Não há saída para a questão climática que não envolva a diminuição das emissões de gases poluentes na atmosfera."

No País, não há registro de projetos do gênero em andamento. Mesmo assim, o especialista defende que o assunto seja monitorado pelo governo e a comunidade científica brasileira. "Devemos nos preparar para lidar com essa questão, pois possíveis experimentos de geoengenharia na Antártida, por exemplo, afetariam o País."As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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